Em reunião ordinária, esta terça-feira, dia 29 de agosto, o Executivo Municipal de Azambuja voltou a discutir a proposta para atribuir uma verba destinada à veículo de desencarceramento por parte Associação Humanitária dos Bombeiros de Azambuja.
Este subsídio de 250.000€, seria pago aos bombeiros em 30 prestações ao longo de 15 anos. Isto implica que os bombeiros tenham de ir à banca pedir um crédito para adquirir o carro.
Segundo o vereador Rui Corça, ao Correio de Azambuja, “esta forma de subsídio é ilegal, pois a câmara não pode prestar garantias a terceiros e a passar um crédito para esses). Por outro lado, o protocolo não tem qualquer cláusula que proteja os Bombeiros em caso de incumprimento da Câmara”
No entanto, a proposta não foi votada, dado que os vereadores da oposição, Rui Corça e José Paulo Pereira (PSD) e Inês Louro (Chega), retiraram-se da votação, por não concordarem com a forma como esta aquisição será feita. Recorde-se que, recentemente, a autarquia, liderada por Silvino Lúcio (PS), assumiu apoiar os Bombeiros através de um empréstimo bancário. A verba servirá para suportar os custos de aquisição desta viatura, há muito pedida pela corporação, que utiliza um veículo urbano de combate a incêndios, com 28 anos, e sem condições de condicionar o material de desencarceramento.
“Ninguém coloca em causa a necessidade do veículo”, afirmou a vereadora do Chega, que no passado chegou a pertencer aos órgãos sociais da Associação Humanitária dos Bombeiros de Azambuja. No entanto, Inês Louro reforça que a proposta não é legal, pois trata-se de uma medida que irá comprometer “os próximos quatro mandatos” autárquicos.
Já para Rui Corça (PSD), este “é um presente envenenado” e o vereador acusa mesmo o executivo PS de “estar a fazer política” com esta proposta. Recorde-se que os vereadores António José Matos e Ana Coelho estão impedidos de votar propostas relacionados com a corporação, e os três vereadores da oposição retiraram-se da sala durante a votação da proposta, pelo que esta ficou inviabilizada por falta de quórum.
Durante a tarde desta terça-feira, o comandante dos Bombeiros de Azambuja, Ricardo Correia, emitiu um comunicado a lamentar a situação, que considera estar a prejudicar a corporação, e chegou mesmo a colocar o seu lugar à disposição. “Quis acreditar que não havia memória curta, e que, e muito bem, quando foi para a aquisição do VUCI de Alcoentre em 2018, que ia substituir um veículo com 25 anos, já sem quaisquer condições, quer de segurança, quer de capacidade de chegar ao destino, o PSD e o sr. Vereador Rui Corça e a sua colega, apesar de saberem que o compromisso da proposta ia para além de um mandato, votaram favoravelmente por unanimidade”, recordou o comandante na mesma publicação, feita na rede social Facebook.
Ricardo Correia vai ainda mais longe e reforça que, até ao momento, nunca foi apontada, por parte dos partidos da oposição, quaisquer impedimentos para a votação de propostas semelhantes, “apesar de haver no executivo membros das associações de ambos os Corpos de Bombeiros e até pessoas com relações familiares”. Desta forma, o comandante, que tem uma relação amorosa com a vereadora Ana Coelho, lamenta que a decisão esteja meramente relacionada com a sua vida particular.
Por isso, explicou ainda na mesma nota, “estou disponível para me demitir, como sempre estive, para que a Associação e os seus sócios e bombeiros não sejam prejudicados”. Neste sentido, reforça ainda que irá, brevemente, reunir-se com a direção e o corpo ativo dos Bombeiros de Azambuja para comunicar a sua decisão.
Veículo custa quase meio milhão de euros
No mesmo comunicado, Ricardo Correia relembrou que os Bombeiros de Azambuja não têm nenhum veículo de desencarceramento há vários anos, e que a direção tem vindo a alertar a tutela para esta falta, até porque “há 22 anos que o Governo não nos atribui um veículo (com exceção do INEM por contrato com o instituto)”.
Segundo o comandante, este veículo tem o custo de 450 mil euros, um valor que a corporação não consegue suportar sozinha. “O município comprometeu-se a dar 250 mil euros, o restante não cai do céu, e só uma boa gestão financeira e relação externas com beneméritos será a forma de concluir este apoio”, realça Ricardo Correia, lembrando que este veículo é essencial para responder a acidentes cada vez mais complexos.
“Lamento este tratamento diferenciado em relação a propostas do passado e espero que este tormento de todos os assuntos que toquem “Bombeiros” ou “Cruz Vermelha” ser um teatro”, concluíu o comandante dos Bombeiros de Azambuja na mesma nota.