Estamos em Estado de Emergência há mais de um mês. Apesar de alguns serviços continuarem a funcionar, como é o caso dos supermercados e outros serviços considerados essenciais, entre outros que podem funcionar em regime de tele-trabalho, a verdade é que a maior parte teve de encerrar portas, muitos deles sem apoios do Estado.
O Correio de Azambuja falou com alguns empresários da região, para perceber como é que o impacto do novo coronavírus veio afetar os seus negócios. Encerrados há mais de um mês, estes empresários esperam retomar o mais depressa possível a sua atividade profissional e admitem que a pandemia poderá trazer grandes consequências económicas.
“Aguardamos com expectativa o controlo desta pandemia, que nos afeta a todos, e tentar retomar, dentro dos possíveis, as ligações comerciais com os clientes”, explica José Oliveira, dono do stand de automóveis no cruzamento da Guarita, na Estrada Nacional 3 e neste ramo há 16 anos.
Sem poder abrir as portas, e consequentemente, não conseguir vender nenhum veículo, o empresário admite que esta pandemia irá trazer “alguns danos a nível económico”, pelo que terá que se adaptar às necessidades dos clientes.
Já noutro ramo de atividade, mas também afetada pelo coronavírus, estão os cabeleireiros e barbeiros, que pela sua proximidade com o cliente também se viram obrigados a encerrar portas. “Nós optamos por encerrar ainda antes de a lei nos obrigar a tal, por bom-senso”, explica Rui Rodrigues, um dos responsáveis pelo Barbeiro Dois Duques, no mercado diário de Aveiras de Cima – onde muitas outras lojas também fecharam portas, incluindo a redação do Correio de Azambuja, que entrou em regime de teletrabalho.
O jovem barbeiro olha para o futuro com alguma preocupação. “Já olhámos para vários cenários e sinceramente não vejo qual deles se irá concretizar e só quando voltarmos ao ativo é que poderemos fazer um balanço da situação. Até lá ficamos a viver no desconhecido”.
Sem neste momento não poder optar por nenhuma alternativa, a única solução passa apenas por manter a presença nas redes sociais, “para que os nossos clientes saberem que estamos aqui e vamos continuar”.
Online permite manter alguns negócios, mas não convence todos
Sem escolas e atividade letiva encerrada – com aulas através da televisão -, todos os serviços educativos foram também forçados a fechar as portas. Dentro deste grupo estão os centros de explicações, que, embora possam realizar a sua atividade via internet, sentem que não é a mesma coisa.
Um destes casos é o centro de estudos O Saber, em Aveiras de Cima. Com o espaço fechado, são muitos os encarregados de educação que, durante esta época, não pagam as mensalidades do centro, excepto aqueles que cujos educandos utilizam os meios online, sobretudo “para esclarecimento de dúvidas”.
Contudo, a responsável pelo espaço, Ana Gonçalves, considera que, no geral, “as aulas online têm [tido] pouca aderência, pois penso que os pais e alunos não estavam habituados e só utilizam o Whatsapp para correção de fichas”.
Em relação ao futuro, a explicadora espera por “melhores dias e voltar ao normal brevemente”, mas admite que virá um “futuro muito negro”. “Temo pelo próximo ano letivo para algumas crianças, uma vez que não conseguem acompanhar a matéria leccionada”.
Reportagem publicada na edição de abril do Correio de Azambuja, já disponível no comércio tradicional