29 maio 2018

“Os museus são por tradição os guardiões da memória e simultaneamente instrumentos de desenvolvimento social e cultural” – frase com a qual José Machado Pereira, historiador/museólogo, iniciou a visita guiada que fez ao Correio de Azambuja no Museu Municipal Sebastião Mateus Arenque.

A exposição permanente ou de longa duração “Quotidianos: Recordar, Conhecer, Aprender” mostra e demonstra o acervo mais representativo do quotidiano da comunidade, por ela doado e constituído por milhares de peças e documentos.
O núcleo expositivo da entrada, centrado nos símbolos históricos da nossa identidade remete para a história de Azambuja que começa no ano 1200 através do primeiro donatário Don Rolim, cruzado-guerreiro que ajudou na conquista de Lisboa, cujos descendentes, ao unirem por casamento a Casa de Azambuja à Casa de Moura, que tinha conquistado 7 castelos no Alentejo para o Rei de Portugal, acabam por identificar a heráldica dos Senhores de Azambuja, como se vê nas Armas do 1º Conde de Azambuja, os Rolim de Moura.

Tanto no brazão da freguesia como no da Câmara encontra-se um zambujeiro, palavra de origem árabe que designa “oliveira brava”, da qual deriva o nome da vila. Estão também presentes Flores de Lis uma vez que D. Rolim era originário da Flandres, junto da Ribeira de Lis, e daí a sua representação nos símbolos da vila.

Nas memórias do trabalho e das profissões tradicionais, encontram-se no museu vários instrumentos de trabalho, representando os trabalhados que eram exercitados no passado e alguns que permanecem nos dias de hoje, como é o caso dos aferidores, agricultores, cavadores, barbeiros, ferreiros, sapateiros ou costureiras.
As memórias do trabalho são apresentadas em dois momentos em em dois espaços, agora mais focadas no trabalho braçal e já não na força animal. Imponente é o “Secador de Arroz” que, só por si, merece uma visita ao museu.

A memória do lugar – a Quinta do Valverde – e o núcleo de Arqueologia – convidam-nos a fazer uma viagem muito remota no tempo; o Castro de Vila Nova de S. Pedro e o Convento das Virtudes fecham o piso inferior do museu com chave de ouro.
O acesso ao piso superior é feito através de rampa, onde a arte e os artistas com concelho são agradavelmente mostrados. As memórias institucionais, sociais e culturais, as vivências e tradições do povo foram eleitas sob várias temáticas para recordar, conhecer e aprender, o que era e como era o quotidiano das gerações azambujenses antes de nós. Podemos imaginar como era a sua vida individual e coletiva e por isso não é um museu de coisas “mortas” mas que ensina o que era e é a vida.

Se ainda não visitou, vale a pena visitar.