26 maio 2018

A mercearia do Rossio, em Azambuja, foi inaugurada em 1857, pelo casal Duarte e Nazareth. O seu negócio era de venda de farinhas, cereais, sementes e produtos de confeitaria. Era a única loja que vendia tabaco ao público naquela época. Esteve inativa durante alguns anos e regressou em 1963.

Estivemos à conversa com Manuel Rosa, que nos contou um pouco mais sobre este estabelecimento, onde trabalha desde 1963. Na altura pegou no negócio em parceria com um tio, mas desde há 21 anos que o gere em conjunto com a sua mulher, Maria João.
Pedimos a Manuel que nos desse a sua opinião sobre as diferenças entre os tempos antigos e os tempos modernos, tendo em conta o surgimento de comércio regional/nacional com as grandes superfícies. Começa por afirmar que os tempos estão cada vez mais diferentes, antigamente existia maior número de clientes, que eram certos todas as semanas, e havia até quem viesse de longe para fazer as suas compras. “Vinham pessoas de Lisboa fazer compras no mercado antes de haver as grandes superfícies”.
Os pagamentos também eram diferentes. Antigamente muitas pessoas na zona cultivavam fruta e legumes e era essa a moeda de troca para fazer outras compras, prática que acabou por desaparecer com o aparecimento dos impostos.

Agora as pessoas procuram grandes superfícies e estas tentam ter todos os produtos para conseguirem que o consumidor não procure outras lojas. Azambuja, naquela altura, tinha bastante movimento diário, o que hoje não se verifica. Fecharam, ao todo, cerca de 127 lojas por toda a vila. Para Manuel Rosa, a vinda das grandes superfícies veio “estragar” o comércio tradicional.

Texto: Daniela Valada e Francisco Matos
(Foto meramente ilustrativa)