É o tema que está a agitar a atualidade nacional. Nesta segunda-feira, dia 12, os motoristas de matérias perigosas vão estar em greve, decisão confirmada no plenário que teve lugar ontem, sábado, na Junta de Freguesia de Aveiras de Cima.

Numa reunião que durou quase três horas, e com casa cheia (a organização falou em quase 300 pessoas dentro do auditório da Junta de Freguesia – de entre as quais alguns aveiricenses), aqui debateu-se a estratégia para a paralisação, entre outros assuntos que não puderam ser divulgados à comunicação social. De relembrar que este plenário decorreu à porta fechada a jornalistas, para que não houvesse qualquer fuga de informação.

O plenário esteve interdito à comunicação social

“Nem um passo atrás”, foi a frase que marcou o encontro. Por isso, “a greve é para avançar”, como declarou Francisco São Bento, presidente do Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) à saída do plenário, aos jornalistas presentes.

“Enquanto não houver nenhuma resposta por parte da Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM), estaremos em greve a partir de segunda-feira”, reforçou o dirigente, que admitiu que “os serviços mínimos irão ser cumpridos”.

Francisco São Bento, presidente do SNMMP, a falar aos jornalistas, à saída do plenário

“Todas as profissões, jornalistas, professores, médicos, todas as profissões em Portugal deveriam partilhar esta preocupação”, admitiu ainda Francisco São Bento. O que significa que a paralisação vai afectar todos os setores de atividade em Portugal.

Nota para que esta greve “não terá data de fim”, terminando apenas com uma “resposta favorável por parte da Antram”. Relembre-se que esta paralisação é o resultado do descontentamento dos motoristas de matérias perigosas, que reivindicam um salário base de 900 euros e o pagamento de horas extra.

O plenário durou quase três horas e a decisão foi unânime entre todos: a greve vai avançar esta segunda-feira, dia 12

“Os portugueses compreendem que estas pessoas estão a lutar por um direito”, avançou Pardal Henriques, vice-presidente do SNMMP, quando questionado sobre o apoio da população a esta paralisação. “A greve é um direito, os motoristas não aceitam ser mais enganados. É um direito consagrado na lei e estas pessoas têm todo o direito em não aceitar trabalhar 14, 15, 16 ou 18 horas por dia, em troco de 630 euros”.

Pardal Henriques, vice-presidente do SNMMP

Como esta greve dos motoristas de matérias perigosas pode afectar a atividade em Azambuja?

A greve envolve os transportadores de matérias perigosas, o que por si só compromete o fornecimento de bombas de gasolina. A falta de combustível afecta não só os condutores, que, muitas vezes, necessitam dos seus carros para a deslocação para o trabalho, mas também outros veículos afetos a outras atividades:

  1. Agricultura: Relembre-se que, neste momento, na Lezíria do Tejo, decorre a época de colheit, transporte e transformação de tomate, assim como outras atividades agrícolas. Para atenuar as consequências da paralisação na atividade agrícola, a Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo (CIMLT) convocou uma reunião, onde apelou ao Governo a colocação de zonas rurais na Rede de Postos de Abastecimento de Emergência (REPA), de forma a não comprometer as colheitas. Em Azambuja, estes são três: nas Áreas de Serviço de Aveiras de Cima; na Repsol da EN 1; e ainda na Galp da EN 3;
  2. Indústria: A falta de combustível implica que muitos veículos de transporte de mercadorias, fiquem parados. Pelo que se prevê uma possível diminuição do escoamento dos stocks das fábricas da região;
  3. Comércio: A mesma situação que na indústria, mas na forma inversa: com os veículos parados por uma eventual falta de combustível, os super e hipermercados da região poderão, em alguns dias, debater-se com a falta de chegada de produto, o que pode levar ao esgotamento de alguns artigos;
  4. Outros setores: Transporte coletivo de passageiros, táxis, escolas de condução, entre outros serviços com atividade dependente de veículos. As ambulâncias, veículos de bombeiros e de polícia são considerados veículos prioritários, que poderão abastecer, nos postos da REPA, de forma ilimitada, pelo que não vão ser afectados pela paralisação. Para todos os outros, nestes postos, o abastecimento está limitado a 15 litros por veículo. Nos postos que não fazem parte da REPA, pode-se abastecer até 25 litros (para os ligeiros, para os pesados o limite é 100 litros), até se esgotar o combustível.
Reportagem e Fotos: Rute Fidalgo (rutepfidalgo@gmail.com)