Esta manhã, o Executivo Municipal saiu da Câmara Municipal em direção ao aterro da Triaza, na Quinta da Queijeira, à entrada da vila de Azambuja. O motivo foi realizar uma caminhada de protesto contra à atividade da lixeira, que os autarcas de Azambuja esperam ver encerrada.
“O objetivo desta caminhada é fazer sentir à opinião pública, aos nossos governantes e às entidades competentes que estamos contra este aterro”, disse Luís de Sousa, presidente da Câmara Municipal de Azambuja, ao Correio de Azambuja.
O autarca admitiu ainda aos jornalistas não ter conhecimento sobre os resultados da inspeção realizada ao aterro pelo Inspeção-Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território (IGAMAOT) em maio, uma vez que o processo ainda está em curso.
“Isto deve ser devido à pandemia. Anda tudo a patinar”, ironizou Luís de Sousa. “Seis meses e ainda não há ainda resultados”, criticou Rui Corça, vereador do PSD.
Esta inspeção pretendia dar a conhecer a quantidade de resíduos que iria ser depositado na lixeira, incluindo amianto. O presidente da Câmara Municipal revelou que o esclarecimento foi pedido à Agência Portuguesa do Ambiente (APA) em setembro, tendo recebido apenas esta resposta dois meses depois.
Para além do Executivo Municipal, a este protesto juntaram-se alguns elementos do Movimento de Oposição ao Aterro de Azambuja (MOAA). O Correio de Azambuja falou com Hélder Cardoso, um dos integrantes do movimento.
“Estamos muito empenhados no fecho do aterro. Temos que o travar agora, porque se não o fizermos, o aterro fica cinco vezes maior”, disse o manifestante ao nosso jornal.
À nossa reportagem, Hélder Cardoso mostrou-se ainda estar indignado: “A licença foi passada para resíduos não perigosos e depois há uma listagem que inclui amianto, lixo hospitalar, tintas, vernizes”, entre outros. “[Ou seja], entra lá tudo menos cadáveres”.
Questionado se o objetivo de fechar o aterro está perto de ficar concluído, o presidente da Câmara Municipal de Azambuja responde que não, embora acredite “que estejamos perto de conseguir a não renovação da licença”.
Quase 100 pessoas participaram na consulta pública
Terminou ontem a consulta pública sobre a renovação da licença ambiental do aterro da Triaza. De acordo com o MOAA, nesta consulta pública participaram 95 pessoas.
Uma participação “muito fraca”, segundo António Pires, outro dos integrantes do MOAA e também uma das maiores vozes de protesto contra a atividade da lixeira.
Luís de Sousa está arrependido e critica o “aproveitamento político”
Aos membros do MOAA, o presidente da Câmara Municipal de Azambuja diz estar do lado da população. “Todos cometemos erros”, disse o autarca, referindo-se ao seu arrependimento em ter aprovado o aterro em Azambuja, que, recorde-se, está situado a poucos metros da entrada da vila.
“Politiquices não. Só queremos fechar o aterro ou que pelo menos não renovem a licença. Eu estou convosco”, disse Sousa ao MOAA. “Estamos todos no mesmo barco e na mesma direção, isto é da Câmara Municipal e não dos partidos”.
Ao nosso jornal, o autarca lamenta ainda algum “aproveitamento” que é feito pelos partidos da oposição. “Hoje de manhã li no Facebook de um partido da nossa terra que, para quem não souber, pensa que isto tudo se deve a eles”, disse Luís de Sousa, referindo-se ao comunicado divulgado pelo PSD esta quarta-feira.
Nesta missiva, o PSD Azambuja critica a Câmara Municipal por “não ter avaliado corretamente os riscos que um aterro acarreta”, mas também por não “ter usado o licenciamento urbanístico para travar o processo alegando incompatibilidade com o PDM”.
O partido adianta ainda que o presidente da Câmara Municipal de Azambuja “falhou ainda ao seu incapaz de fiscalizar o aterro naquilo que é da sua competência e de se impor como entidade acompanhante das restantes entidades fiscalizadoras”.
Novo protesto junto à Junta de Freguesia de Azambuja
A caminhada terminou à porta do aterro da Triaza. Relembre-se que o MOAA tinha convocado um protesto semelhante para o último sábado, entretanto cancelado devido às medidas de contingência para mitigar a transmissão da COVID-19.
Ao Correio de Azambuja, o MOAA adiantou que vai realizar mais uma caminhada semelhante à desta manhã, mas desta vez com a presença da presidente da Junta de Freguesia de Azambuja, Inês Louro.
A partida tem lugar à porta da Junta de Freguesia de Azambuja às 10 da manhã.