Foi esta manhã, junto à Câmara Municipal de Azambuja, que largas dezenas de azambujenses se manifestaram contra a atividade do aterro, gerido pela empresa Triaza.

Em causa estão os maus cheiros que esta provoca, assim como a contaminação do ar da vila e a presença de aves no local, motivos para que estes manifestantes peçam o encerramento imediato da lixeira, que, segundo eles, provocam um atentado à saúde pública.

Ao mesmo tempo, decorria uma reunião entre o presidente da autarquia e os vereadores, onde, ao final desta manhã, se decidiu convocar uma reunião extraordinária (aberta ao público) para a próxima quarta às 15h.

Nesta, será discutida uma proposta de indeferimento do pedido de alteração do calendário proposto pela Triaza para a abertura da segunda e terceira células.

Relembre-se que, em dezembro passado, o presidente da Câmara Municipal, Luís de Sousa, afirmou não ser do seu interesse a abertura de uma segunda célula de depósito de resíduos.

De salientar que, a propósito do recurso apresentado pela Triaza, o Tribunal deu razão à empresa, obrigando a Câmara a decidir sobre o pedido de alteração do calendário das fases do aterro que pede o adiamento da segunda e terceira fase que correspondem à construção de duas células de depósito de resíduos.

Caso não o fizesse, em 10 dias, a autarquia teria de pagar uma multa de 30 mil euros e uma penalização diária de entre a cinco a 10 por cento, a serem retirados do salário do presidente da autarquia.

“A decisão a tomar vai ao encontro das preocupações e expetativas manifestadas pelos munícipes e seu representantes”, escreveu esta tarde a autarquia em comunicado divulgado nas redes sociais.

Luís de Sousa afirma estar do lado dos cidadãos e admite mesmo que “se fosse habitante na vila, faria o mesmo”, como admitiu na última reunião de câmara, na passada terça-feira, após ter sido interpelado por António Pires, uma das figuras principais desta reivindicação, embora não avançando com mais pormenores sobre a questão.

Nos últimos meses, e após todas as queixas, os azambujenses admitem que o problema não se atenuou, acusando esta lixeira (que recebe resíduos de toda a Europa) de continuar a receber grandes quantidades de resíduos, em dezenas de camiões por dia.

Resíduos estes que, relembre-se, são depositados na única célula disponível do aterro, que tanto recebe resíduos de amianto, como de outros resíduos considerados não perigosos.

A presença do amianto é legal, mas a oposição, liderada pelo vereador Rui Corça (PSD), admite que estes resíduos constituem um “perigo enorme para a população”, uma vez que esta lixeira encontra-se a escassos metros da entrada em Azambuja e de um lençol de água, onde é captada a água que é consumida pela população.

O vereador acusa ainda Luís de Sousa e Silvino Lúcio, vereador com o pelouro do Ambiente, de estarem “calados e inertes sobre esta questão”.

A instalação do aterro, da responsabilidade da empresa Triaza, foi proposta ainda no mandato de Joaquim Ramos, antecessor de Luís de Sousa. Na época, o PSD propôs uma ação para anular, na Câmara e na Assembleia Municipal, a declaração de interesse público associada à instalação do aterro, tendo conseguido a sua anulação com sucesso.

Em 2017, o aterro abriu portas, contra a vontade de alguns residentes de Azambuja, sobretudo daqueles que moram lado a lado com a lixeira, que admitem estar a ser prejudicados e a ver a sua saúde a ficar comprometida. Alguns admitem mesmo não conseguir abrir sequer as janelas de casa e outros temem a contaminação das águas que consomem.