O Presidente da Câmara Municipal de Azambuja, Luís de Sousa, esteve, nesta quarta-feira, acompanhado pelo Vereador Silvino Lúcio, numa audição na Assembleia da República a propósito do aterro da empresa Triaza.
Os dois autarcas foram ouvidos pela Comissão de Ambiente, Energia e Ordenamento do Território perante deputados representantes do PS, do PSD, do Bloco de Esquerda, da CDU e do Partido Ecologista Os Verdes.
Nesta sessão, o presidente da autarquia respondeu a um conjunto de questões colocadas pelos vários grupos parlamentares, evidenciando “os aspetos muito negativos quer para a saúde pública quer para o desenvolvimento” do concelho trazidos pela existência de um aterro “às portas da sede” da vila, explica a Câmara Municipal em comunicado.
Recorde- se que a população de Azambuja têm vindo a contestar a atividade do aterro, alegando que este traz problemas como “maus cheiros e concentração de poeiras e de centenas de aves”.
Sousa manifestou ainda “a sua indignação” pelo facto da Triaza ter fechado as portas ao município, quando este tentou saber a quantidade de amianto que era depositado no aterro.
“A Triaza não nos deixou entrar, dizem que estamos a difamar a empresa”, explicou o autarca durante a sessão, acrescentando ainda que a autarquia não têm “recebido informações sobre [eventuais] auditorias no aterro”.
O Presidente da Câmara reiterou que a autarquia e a população mantêm o objetivo de ver o aterro encerrado, e caso esta opção não seja possível a curto prazo, o “município continuará a exigir que a licença de atividade do aterro não seja renovada em maio de 2021”.
Durante a sessão, Luís de Sousa relembrou que a licença de funcionamento da lixeira não é dada pela autarquia, e a seu encerramento depende da decisão da APA e da CCDR. “Nós [Câmara Municipal] não podemos fechar o aterro”, explicou.
Dos partidos representados nesta reunião, ficou a garantia de uma audição com o Ministro do Ambiente, em breve, relativamente às questões ligadas ao aterro.
Sousa volta a mostrar-se “arrependido” por ‘sim’ ao aterro
Na autarquia há mais de 20 anos, o presidente da autarquia acompanhou todo o processo que envolveu a criação do aterro em Azambuja. “[Há uns anos], fui a Leiria conhecer um aterro, e achei que uma coisa destas em Azambuja era bom”, defendeu o autarca, que admite que se “enganou” na sua decisão de autorizar o aterro – alegando interesse público municipal -, ainda na época que era vereador.
Recalendarização pedida pela Triaza não aceite
Na sessão de Câmara do passado dia 22 de abril, a autarquia indeferiu o pedido da Triaza para reprogramação do faseamento dos trabalhos no aterro.
O município entende “que existem razões de interesse público, nomeadamente de saúde pública e ambientais, para não aceder à proposta”. Recorde-se que a empresa pretendia adiar as 2ª e 3ª fases dos trabalhos de remodelação de terrenos – que têm a pretensão de criar novas células de depósito de resíduos -, na Quinta da Queijeira, alegando o “reduzido volume de resíduos recebidos face ao inicialmente previsto”.
Este indeferimento, relembre-se, levou a Triaza a meter uma ação em tribunal contra a autarquia.
Imagem: Triaza/Arquivo