10 novembro 2017

António Lança
António Lança

António Lança diz-nos que nunca gostou de dar entrevistas. Por isso, não o fizemos. Numa conversa, contou-nos parte da “história de uma pessoa que tem andado por aí e que vai andando”.
Após vinte anos passados em África, António Lança regressa a Lisboa, de onde tinha saído aos vinte e sete anos. Da capital para a vila de Azambuja, António veio, em 1978, ocupar o lugar de Técnico de Contas nos escritórios da Toul, onde se manteve durante cinco anos. Depois disso, é-lhe concedida a exploração de uma bomba de combustíveis e essa passou a ser uma das suas ocupações nos vinte anos que se seguiram, até ao ano de 2002. Não foi a única. Em Azambuja passou pela Câmara Municipal, pela Associação dos Bombeiros Voluntários, pelo Grupo Desportivo e pelo Centro Cultural Azambujense. Também o Correio de Azambuja faz parte deste capítulo, que começou há quase quarenta anos. António Lança ressuscitou o jornal, que acumulava já vinte anos de inatividade, “porque havia que dar a conhecer certas coisas de Azambuja.” Lançou “a primeira pedra” e o jornal foi passando de mão em mão, sem cair. Dois a três anos depois juntou-se à cooperativa que tinha a Rádio Ribatejo. “Na altura, fui convidado para entrar e começou a montar-se a rádio. Eu comecei a acompanhar mais por que estava mais por aqui, tinha mais tempo”. Conta-nos ainda que “toda a gente queria ir para a rádio” e, por isso, essa experiência deu-lhe a oportunidade de contactar com jovens de todo o concelho.
O trabalho junto das coletividades da freguesia iniciou-se na altura em que assumiu o cargo de Vereador da Cultura, na Câmara Municipal de Azambuja, em 1985. “Conheci muita gente e foi daí que partiu tudo”. Explica que da sua pasta faziam parte as coletividades e que foi tomando conhecimento das dificuldades que as mesmas enfrentavam, na altura. Chegou, assim, à Associação dos Bombeiros Voluntários de Azambuja, que se encontravam sem Direção. Atento à necessidade de lhe dar um rumo, por intermédio do Comandante Mário Jorge, constituiu uma lista, da qual fez parte como Vogal. O trabalho de toda a direção deu frutos e a crise foi ultrapassada. Saiu quatro anos depois e, já com o mandato na Câmara Municipal finalizado, seguiu para o Grupo Desportivo de Azambuja, como Presidente da Direção. “Fiz uma lista com muitos elementos que ajudaram muito e aí levámos o Desportivo para a frente”, com a reabilitação do antigo campo de futebol e, posteriormente, com a passagem para a sua localização atual, no Bairro da Ónia. Mais tarde, e cumpridos dois mandatos no GDA, associa-se ao Centro Cultural Azambujense, ao qual já tinha estado ligado, na altura em que estava na Câmara, através de um projeto para criar uma banda juvenil, com jovens de todas as bandas do concelho. Depois de várias mudanças de instalações, a Sede fixou-se no espaço que mantém atualmente, mas para fazer dele o que é hoje foi preciso trabalho: “Havia um projeto feito, mas era caríssimo. Então, através de conhecimentos de vários membros da direção, conseguimos forrar o salão a madeira e arranjar as instalações dentro do que estava estipulado no projeto”. E por ali se manteve. A ligação ao CCA e à Banda permaneceu. Diz-nos que funciona também como uma distracção, principalmente desde a altura em que deixou o posto de abastecimento. Aos 85 anos continua a manter-se ativo. Atualmente, já não faz parte da direção do Centro Cultural, mas ainda colabora. “Pedem-me opinião e vou ajudando”. Afirma que hoje em dia é cada vez mais difícil dirigir uma colectividade, pelas questões burocráticas e financeiras, e que a experiência facilita esse processo. Além do Centro Cultural, colabora também com um dos seus filhos, na empresa de assistência técnica de informática do mesmo.