Numa carta aberta destinada a todos os munícipes do concelho de Azambuja, Luís de Sousa, presidente da autarquia, defende-se das acusações que lhe foram feitas, a propósito do foco de COVID-19 que surgiu, na semana passada, no Beco Madre Teresa de Calcutá, na Quinta da Mina.
Nesta missiva, o autarca nega ser “racista ou xenófobo” e confirma que ponderou mesmo abandonar o Partido Socialista (PS). “Nem eu, nem
nenhuma das pessoas que me acompanha somos racistas ou xenófobos, mas isso não invalida que, por vezes, tenhamos de usar mais vigor para defender os nossos munícipes, principalmente quando está em causa a saúde pública”, justifica.
E reforça: “jamais me demitirei das minhas responsabilidades e nunca porei em causa a confiança que o Povo de Azambuja depositou em mim. Aos de fora, deixei-me que diga, não recebo lições nem vou atrás de modas,
farei sempre o que a minha consciência ditar, o que for melhor para a defesa dos munícipes”.
Relembre-se que as palavras de Luís de Sousa sobre uma eventual cerca sanitária ao Bloco 6 do Beco Madre Teresa de Calcutá caíram mal junto do primeiro-ministro e também Secretário-geral do PS, António Costa, que disse “discordar” dos ideais dos seus autarcas. Palavras estas que também foram repudiadas pelas deputadas Catarina Martins (BE) e Isabel Moreira (PS), bem como da Juventude Socialista da Federação da Área Urbana de Lisboa (JS-FAUL).
“Um socialista é um defensor da igualdade e um lutador contra todas as formas de discriminação como o racismo e a xenofobia, seja nos atos ou na linguagem”, foram as palavras da JS, em comunicado no Facebook.
A estes, Luís de Sousa dedicou umas linhas nesta carta aberta: “é humanamente intolerável, e socialmente perigoso, alguns, […] aproveitarem-se politicamente destas situações, inventando tempestades onde não existem”.
“O “pessoal” das modas que tanto se chocou com uma frase, que de todo não era ofensiva para ninguém, devia preocupar-se igualmente com outras situações que na esmagadora maioria são da sua responsabilidade, mas que é a Câmara de Azambuja que insistentemente tem de fazer o
que deveria ser feito pelo Governo.
[…]Nós é que estamos junto das populações, não estamos num distante gabinete em Lisboa”, critica o presidente da autarquia azambujense, onde já está há cerca de 20 anos, primeiro como vereador, depois como vice-presidente, e atualmente como presidente, cargo que ocupou em 2013.
Luís de Sousa termina o seu discurso com um agradecimento “muito sincero e emotivo” a todos aqueles que lhe dirigiram palavras de “apoio e carinho” que recebeu.