Após reunião da Comissão Política Concelhia de Azambuja do Partido Socialista (PS), o presidente da autarquia azambujense decidiu continuar no PS. Esta reunião veio na sequência das declarações de Luís de Sousa sobre os casos de COVID-19 no Bairro Madre Teresa de Calcutá, na Quinta da Mina, e que envolviam famílias de “etnia cigana”.

Estas declarações foram comentadas pelo primeiro-ministro, António Costa, que disse “não se identificar com as declarações” do autarca, que pediu um cerco sanitário em redor da Quinta da Mina, por alegar que muitos dos seus moradores não iriam cumprir com o confinamento obrigatório.

“Medidas de carácter discriminatório são inaceitáveis. A lei é igual para todos e está sujeito a confinamento domiciliário obrigatório quem está doente ou quem esteve em contacto com quem esteja, seja qual for a etnia, nacionalidade, religião, o que for”, respondeu António Costa no debate quinzenal da Assembleia da República (AR), em resposta ao deputado do Chega!, André Ventura.

Para além do primeiro-ministro, assim como outras personalidades políticas – entre as quais as deputadas do Bloco de Esquerda e do PS, Catarina Martins e Isabel Moreira, respectivamente -, a Juventude Socialista (JS) da Federação da Área Urbana de Lisboa (FAUL) também repudiou as palavras de Luís de Sousa, através de um comunicado divulgado na sua página de Facebook e que pede “que retire as suas afirmações e se retrate, pedido desculpas à comunidade de Azambujenses que ofendeu”.

“A Comissão Política Concelhia de Azambuja reuniu ontem […] afim de analisar as tomadas de posição por parte da JS FAUL […] e às respostas dadas […] na AR pelo Sr. Primeiro Ministro António Costa no seguimento das declarações do Sr. Presidente de Câmara Luís de Sousa, que as enquadraram num contexto que não aquele que o Presidente as prestou”, escreveu o PS Azambuja em comunicado.

Nesta reunião, que teve lugar em Aveiras de Cima, foi colocado à votação um voto de confiança ao autarca, que, segundo o mesmo comunicado, “foi aprovado por unanimidade e aclamação”.

Foi ainda decidido, por unanimidade, o envio de uma resposta ao comunicado da JS FAUL e um esclarecimento a António Costa, que será entregue em mãos nos próximos dias.

Luís de Sousa nega ser racista

Entrevistado pelo jornal ‘Público’, o autarca diz ser amigo da comunidade cigana do concelho, tendo até “uma amizade estreita” com esta. “Eu não sou racista, sou muito amigo deles todos e eles de mim”, disse.

Contudo, no mesmo artigo – e que originou parte da celeuma – o presidente da Câmara Municipal de Azambuja fez uma distinção entre as “famílias de etnia cigana” e “famílias normais como nós”.

“Um socialista é um defensor da igualdade e um lutador contra todas as formas de discriminação como o racismo e a xenofobia, seja nos atos ou na linguagem”, criticou a JS FAUL.

Até ao momento, já foram testados 60 habitantes do bairro da Quinta da Mina, de onde 19 testaram positivo ao novo coronavírus. O concelho conta, na sua totalidade, com 78 casos ativos de COVID-19, sendo que 66 são referentes à freguesia de Azambuja.

Imagem: CM Azambuja