Na reunião desta quinta-feira, com o intuito de analisar a evolução da pandemia e definir uma estratégia de resposta à situação, especialmente preocupante nas zonas empresariais de Vila Nova da Rainha e Azambuja, foi decidido o reforço, junto das empresas de logística, da sensibilização para o reforço de medidas de contingência para evitar a propagação do novo coronavírus.
Este vírus, relembre-se, já atingiu, até ao momento, 101 trabalhadores da empresa Avipronto, atualmente de portas encerradas. De acordo com o presidente da Câmara Municipal, Luís de Sousa, houve ainda dois casos nas empresas Salvesen e Torrestir, mas que já estão “controlados”.
Cerco sanitário fora de questão
Ao longo do dia, através das redes sociais, foram vários os munícipes que pediam às autoridades de saúde e ao Executivo a criação de um cerco sanitário, tal como aconteceu no concelho de Ovar.
Segundo a autarquia, esta hipótese está descartada, uma vez que “não existe uma propagação descontrolada na comunidade, existem sim focos e casos concretos, identificados e acompanhados pelas autoridades de saúde pública, que estão a aplicar os procedimentos adequados a cada situação”.
Criação de turnos desfasados e reforço de medidas de segurança são algumas das medidas que a Câmara vai sugerir
A maior parte das empresas de logística do concelho abastece os hiper e supermercados da zona de Lisboa, pelo que, e de acordo com a Câmara Municipal, o fecho daquelas iria acarretar “graves consequências” para a população.
Por isso, o encerramento destas empresas não se impõe, contudo, a autarquia vai então reforçar o contacto com estas empresas com o objetivo de “minimizar os riscos de propagação da pandemia”, garantindo que a laboração se mantenha.
Para tal, o município vai sensibilizar os dirigentes das empresas, no sentido de estes “poderem criar horários e turnos de trabalho desfasados, bem como implementar todas as medidas de segurança nas suas instalações, em particular nos refeitórios e balneários, e dar a formação necessária a todos os trabalhadores para que ponham em prática as medidas de proteção individual”.
O município vai ainda pedir às empresas que possam disponibilizar autocarros, para que os seus trabalhadores evitem circular de comboio.
CP vai ser pressionada
Só nesta zona empresarial, trabalham mais de oito mil pessoas, onde uma grande parte destas desloca-se de comboio. Perante a confirmação de que estes comboios que servem a linha de Azambuja circulam sobrelotados, a autarquia vai continuar a pressionar a autoridade dos transportes para que a oferta da CP tenha a quantidade de carruagens que faça cumprir a percentagem de passageiros recomendada, cerca de 2/3 da lotação permitida.
Alto Comissariado para as Migrações vai realizar sessões de esclarecimento a imigrantes
Nas várias empresas do concelho existem diversas comunidades de trabalhadores oriundos de diferentes países da Europa, África e Ásia. Por isso, o Alto Comissariado para as Migrações vai realizar sessões locais de esclarecimento e informação a esses migrantes.
A Câmara Municipal de Azambuja irá colaborar na sua realização, em várias freguesias, com o apoio de material informativo nos diferentes idiomas, disponibilizado pelo ACES do Estuário do Tejo.
A reunião que determinou estas medidas contou com as presenças de todo o Executivo Municipal; do presidente da Assembleia Municipal; do Delegado Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo; da Diretora Executiva do Agrupamento de Centros de Saúde do Estuário do Tejo; da Delegada e da enfermeira de Saúde Pública de Azambuja; dos comandantes do Posto de Azambuja e do Destacamento Territorial de Alenquer da GNR; do coordenador do Serviço Municipal da Proteção Civil; e, ainda, dos presidentes das Juntas de Freguesia de Azambuja e de Vila Nova Rainha.
Até ao momento, existem 38 confirmados no concelho, 105 em isolamento domiciliário, sete recuperados e um óbito.