A troca de galhardetes foi feita na reunião do executivo desta tarde, com o vereador da CDU, David Mendes, e o presidente da autarquia, Luís de Sousa, a acusarem o PSD, liderado pelo vereador Rui Corça, de estar a aproveitar o assunto da Triaza para fazer campanha política.

Na intervenção de Corça, este questiona o presidente do executivo sobre quais os critérios tidos em conta para a escolha do gabinete de advogados que está a acompanhar a situação relativa à lixeira. O vereador foi ainda mais longe e perguntou a Luís de Sousa se este estaria disposto a assumir eventuais responsabilidades financeiras caso o munícipio perca o caso.

Ao que o edil lhe responde que “você [Rui Corça] não é juíz e não tenho de responder a esse tipo de perguntas, mas se tiver de pagar algo, pagarei” e recusa ainda haver “interesses por parte do munícipio”. “Eu não tenho interesses nenhuns com a empresa, nenhuns”, defendeu-se Sousa, que acusou o vereador de já estar a fazer campanha política, a mais de um ano das eleições autárquicas.

“É cedo fazer campanha por causa do aterro, sabemos que é a vossa batalha. Mas [peço-lhe que] a política fique lá fora. Não queremos campanhas políticas com o aterro”. Perante esta resposta, o vereador do PSD defendeu-se, dizendo que, quando já foi eleito, já mantinha a posição que tem hoje sobre a lixeira, ao contrário do presidente da autarquia.

O vereador David Mendes, da CDU, vai mais longe e acusa mesmo o PSD de estar a fazer “demagogia” com a questão do aterro da Triaza. “Vocês partidizaram isto”, acusou o vereador, ao que Corça respondeu que o partido ao qual representa é contra a lixeira desde 2008, e que apenas está a “defender as pessoas que me elegeram”.

Câmara vai pedir um estudo de impacto ambiental. ACT metido ‘ao barulho’

Na mesma reunião, e em resposta a um munícipe, Luís de Sousa, garantiu, em breve, reunir-se com duas responsáveis da Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade Nova de Lisboa, de forma a criar um estudo de impacto ambiental, que será entregue aos advogados que estão a trabalhar neste caso – relembre-se, a pedido da autarquia, de forma a arranjar situações que levem ao encerramento do aterro, ou, caso esta hipótese não seja possível, a pelo menos a não renovar a sua licença.

Na mesma intervenção, e devido às ocorrências do passado fim-de-semana, Luís de Sousa garantiu ainda que a autarquia já esclarecimentos à APA, IGAMAOT e à CCDR sobre o horário de funcionamento do aterro. Destas entidades, apenas a última deu resposta, dizendo que esta informação é da responsabilidade da Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT). “Já falámos com eles [ACT] e estamos a aguardar pela informação sobre qual o horário correto de funcionamento”, acrescentou o presidente da Câmara Municipal.

Presidente desconhece relatório de “irregularidades”

Rui Corça lembrou que, na comissão de ambiente realizada na Assembleia da República, foi dito que existia, na posse da autarquia, um relatório no qual é dito que o depósito do amianto no aterro da Triaza é “ilegal”. O vereador questionou o presidente sobre o mesmo e acusou-o de nunca ter o ter referido. “Desconheço qualquer relatório a falar de irregularidades. A Secretária de Estado devia estar distraída quando disse que nós tínhamos esse relatório”, defendeu-se Sousa.

Relembre-se que, esta terça-feira, a Associação Ambientalista Zero acusou a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) de permitir descargas de amianto em aterros sem licença para tal.

O Ministério do Ambiente reconheceu estas “irregularidades” e agora o amianto terá que ser retirado. Para já, a autarquia não sabe como o irá fazer, mas garante que irá “arranjar soluções” para resolver o problema.

 Imagem: Triaza